sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Winehouse no Brasil




Amy Winehouse retorna aos palcos, depois de dois anos no molho da própria ambição por decadência!!! Dessa vez o verbo é "emergir";  o oposto aos verbos que a levaram a ser o ídolo junkie do século XXI, cá pra nós, musicalmente insípido! Então surge Amy e suas contradições de sabores!

Talvez por opor-se ao desejo mórbido que despertara em seus ouvintes, desejo que, convenhamos, todos nós guardamos em menor ou  maior medida,  Miss Amy, em  sua passada pelo Brasil, decepcionou tanta gente. O confessional repertório de  4 anos  explicita um caminho por autoconhecimento, das próprias possibilidades e limites.  Mas esse autoconhecimento transformou-se em ato destrutivo. Hoje, superado o momento, as confissões de "Back to Black" já não soam rasgadas das entranhas como em Glastonbury (2008), momento em que ela esperava pela liberdade  do seu "fella" (a história de Blake todos já conhecem).

Fui ao show em Recife. Todo mundo esperando, num tesão maior do mundo, pela Amy decadente. Eis que surge ela de amarelo, simbolicamente, renegando a escuridão que anunciava o seu premiado álbum. Cantando corretamente, ao seu modo, recriando as melodias na medida de sua paixão. Mesmo sem aqueles arroubos de 2008,  o vozeirão, em boa forma,  não deixou de ser soul.  Só que "Back to Black", para Amy, parece não dizer mais respeito a atual faceta de sua alma. Para a decepção de alguns, Wino é mais emocional do que profissional. Mas ela "cumpriu com a tabela" direitinho, com "covers" interpretados lindamente. E foi profissional sim, mas sem qualquer protocolo ou decoro!! Se ela vai ser cantora de um só álbum, não se sabe. Talvez precise de um revés emocional. Pelo menos ela já saiu da inércia pós-Blake. Para os que aguardam as próximas confissões de Amy, é só esperar pelo 3º álbum.

Quanto ao show...para muitos, a música era o de menos. O que importava era o coça-coça no nariz, o líquido ocultado na pureza de uma xícara branca, o nível etílico da diva. Uma plateia imersa na especulação. Como se diz, o mundo é uma representação de nossa própria vontade. E muitos viram o que queriam.  Amy, sóbria, sacou o que a plateia queria. Constatada a apatia do público que, sequer, aplaudira a banda, Miss Wino fez gracinha com um rodopio de bailarina e, então, foi ao chão. Aplausos a mil!!!Para aqueles que esperavam a queda, esses foram satisfeitos. Mas Amy só despencou na ribalta, porque essa é sua cena, e dessa vez, estava no script.  Decepção para os sequiosos por uma diva arruinada e  inconsciente!

Por ora,  a queda de Amy é um cambret deliberado!
Pelo menos, é isso o que dita minha vontade.

Ass. Leyla